Após cinco anos de pedidos das associações de portadores de doença celíaca, a rede pública de saúde passa a oferecer um exame específico para detecção do problema, que se caracteriza pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, na aveia, na cevada, no centeio e no malte. Segundo pesquisas, a doença acomete um em cada 214 paulistanos.
A mudança, publicada ontem no "Diário Oficial da União", acompanha o primeiro protocolo clínico e as primeiras diretrizes terapêuticas para a doença celíaca no Brasil. Com a dosagem de anticorpos antitransglutaminase, feita com uma amostra de sangue, será possível selecionar os pacientes que deverão ser encaminhados para a etapa seguinte do diagnóstico: biópsia de fragmentos colhidos no intestino delgado por endoscopia.
Segundo Vera Sdepanian, chefe da disciplina de gastroenterologia pediátrica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e redatora do protocolo, a inclusão do exame na tabela do SUS também facilitará seu pedido para planos de saúde. "Hoje, não existe um código para esse exame. Alguns só conseguem fazê-lo pelo convênio após uma longa burocracia." O exame de sangue também tornará mais preciso o acompanhamento dos celíacos. A dosagem periódica dos anticorpos permitirá a monitoração da eficácia do tratamento.
As associações de celíacos do país pleiteiam a divulgação do material desde 2004. "O protocolo vai despertar os médicos para as inúmeras manifestações da doença. Organizará o atendimento de forma mais justa", diz Raquel Cândido Benati, presidente da Associação de Celíacos do Rio de Janeiro. Colocado em consulta pública em 2008, o texto explica as três diferentes formas pelas quais a doença se manifesta, elenca os métodos de diagnóstico e direciona a interpretação dos exames -especialmente da biópsia do intestino delgado.
Também indica o tratamento -até hoje, a única forma de controlar o problema é a exclusão definitiva da dieta de alimentos que contêm glúten. "A criança tem diarreia, desidrata e vai para o hospital. Mas geralmente recebe só soro e medicação e é mandada de volta para casa. Se você é atendido por um médico que tem conhecimento dos sintomas da doença celíaca, recebe um encaminhamento para exames mais detalhados", diz Benati.
Várias manifestações
A doença celíaca é comumente associada a diarreia crônica, dores abdominais e perda de peso, sintomas da forma clássica. No entanto, há outras duas formas de manifestação que também causam problemas de saúde sérios. O protocolo ajudará em especial o grupo de pacientes que apresentam a forma silenciosa da doença.
Esses celíacos, normalmente parentes de primeiro grau de doentes, não têm manifestações clínicas, mas podem desenvolver problemas relacionados à doença -osteoporose e alguns tipos de câncer, como linfomas.
Outra forma, chamada de atípica, também não causa alterações no sistema digestivo, mas pode levar a baixa estatura, anemia, osteoporose e artrite. Muitas vezes, os sintomas são tratados ao longo da vida sem que o médico desconfie que a causa seja a doença celíaca. "Com o diagnóstico correto, você diminui internações desnecessárias e promove uma melhor qualidade de vida dos indivíduos", afirma Sdepanian.
"Porque aqueles que vivem com algum sinal não valorizado ou têm a doença silenciosa vão ter alguma complicação em algum momento."
A mudança, publicada ontem no "Diário Oficial da União", acompanha o primeiro protocolo clínico e as primeiras diretrizes terapêuticas para a doença celíaca no Brasil. Com a dosagem de anticorpos antitransglutaminase, feita com uma amostra de sangue, será possível selecionar os pacientes que deverão ser encaminhados para a etapa seguinte do diagnóstico: biópsia de fragmentos colhidos no intestino delgado por endoscopia.
Segundo Vera Sdepanian, chefe da disciplina de gastroenterologia pediátrica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e redatora do protocolo, a inclusão do exame na tabela do SUS também facilitará seu pedido para planos de saúde. "Hoje, não existe um código para esse exame. Alguns só conseguem fazê-lo pelo convênio após uma longa burocracia." O exame de sangue também tornará mais preciso o acompanhamento dos celíacos. A dosagem periódica dos anticorpos permitirá a monitoração da eficácia do tratamento.
As associações de celíacos do país pleiteiam a divulgação do material desde 2004. "O protocolo vai despertar os médicos para as inúmeras manifestações da doença. Organizará o atendimento de forma mais justa", diz Raquel Cândido Benati, presidente da Associação de Celíacos do Rio de Janeiro. Colocado em consulta pública em 2008, o texto explica as três diferentes formas pelas quais a doença se manifesta, elenca os métodos de diagnóstico e direciona a interpretação dos exames -especialmente da biópsia do intestino delgado.
Também indica o tratamento -até hoje, a única forma de controlar o problema é a exclusão definitiva da dieta de alimentos que contêm glúten. "A criança tem diarreia, desidrata e vai para o hospital. Mas geralmente recebe só soro e medicação e é mandada de volta para casa. Se você é atendido por um médico que tem conhecimento dos sintomas da doença celíaca, recebe um encaminhamento para exames mais detalhados", diz Benati.
Várias manifestações
A doença celíaca é comumente associada a diarreia crônica, dores abdominais e perda de peso, sintomas da forma clássica. No entanto, há outras duas formas de manifestação que também causam problemas de saúde sérios. O protocolo ajudará em especial o grupo de pacientes que apresentam a forma silenciosa da doença.
Esses celíacos, normalmente parentes de primeiro grau de doentes, não têm manifestações clínicas, mas podem desenvolver problemas relacionados à doença -osteoporose e alguns tipos de câncer, como linfomas.
Outra forma, chamada de atípica, também não causa alterações no sistema digestivo, mas pode levar a baixa estatura, anemia, osteoporose e artrite. Muitas vezes, os sintomas são tratados ao longo da vida sem que o médico desconfie que a causa seja a doença celíaca. "Com o diagnóstico correto, você diminui internações desnecessárias e promove uma melhor qualidade de vida dos indivíduos", afirma Sdepanian.
"Porque aqueles que vivem com algum sinal não valorizado ou têm a doença silenciosa vão ter alguma complicação em algum momento."
JULIANE SILVEIRA - 19/09/2009 Folha de São Paulo
Colaborou ANNA CAROLINA CARDOSO
Colaborou ANNA CAROLINA CARDOSO
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